29 outubro, 2005

"Vertigem"
Pede socorro para si mesmo, está à beira da má sorte. Ali as horas passam rápido, e ele continua deitado em seu colchão velho com cheiro de mofo, nauseante. No canto do quarto estão os cigarros inteiros queimados no cinzeiro, ninguém os fumou. Mas quem ali é fumante? Vai saber. O copo de cerveja continua cheio, quente, espumante, não quis beber. Os livros se espalham por todo chão, entreabertos em conhecimentos não adiquiridos naquele dia. Zica, preguiça, tempo nublado, chuva fina. Como a garoa que cai em sua cabeça gota a gota durante toda a vida. Ao seu lado direito na cama, está o vazio. Hoje ela não se deitou ali novamente. Prache, esta mal acostumado. E quem não estaria? Afinal os seus desencontros marcam hora, a toda hora. E a saudade, essa é de causar vertigem...

23 outubro, 2005

"Abre Te Porta"
É a mesma fechadura. Mas a porta não parece ser a mesma. Cata o molho, aponta a chave, sim aquela mesma velha e enferrujada, a qual permaneceu perdida em seu bolso por vários tempos. Os seus olhos amargos da vermelhidão de uma noite mal durmida não conseguem focar o alvo. Está trêmulo, exausto, nervoso. A ansiedade que o consumiu durante toda madrugada daquele plantão de Sábado à noite chegou ao fim. Finalmente, ele está de volta. Estava com os dedos mordidos da vontade de de retornar. E ele chegou, e agora se sente em casa ... Em sua velha e inesquecida casa.